O ministro dos Transportes, Renan Filho, fez um importante anúncio na última quinta-feira (4): a publicação do edital para a construção do “Arco Metropolitano de Maceió”. Com um orçamento de R$ 240 milhões, a obra promete aliviar o trânsito pesado nas principais vias da capital alagoana. O evento, realizado na sede do DNIT em Maceió, contou com a presença de Isnaldo Bulhões Jr., líder do MDB na Câmara dos Deputados, e do deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), pré-candidato à prefeitura da cidade e principal adversário do atual prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), na corrida pela reeleição.
Reações Divergentes
A resposta dos dois pré-candidatos à prefeitura foi, como esperado, de muitos contrastes. Rafael Brito, em um vídeo no Instagram, celebrou a importância do Arco Metropolitano para desafogar o trânsito caótico da cidade. Ele destacou que serão construídas vias duplas, viadutos e outras melhorias significativas para a mobilidade urbana. “Isso melhora de verdade a qualidade de vida na nossa cidade”, afirmou Brito, com um entusiasmo quase palpável. Enquanto isso, JHC parecia ter outras prioridades. Ignorando completamente a iniciativa do governo federal, o prefeito decidiu fazer seu próprio anúncio apenas quatro horas depois da publicação de Renan Filho. Em suas redes sociais, JHC proclamou o início da “Linha Verde”, uma grande via de conexão na Parte Alta da cidade, com um investimento de R$ 144 milhões. O anúncio incluiu detalhes exuberantes: 2 pontes, pista dupla, ciclovia, iluminação LED e até novas linhas de ônibus.
Contradições e Coincidências
No entanto, as ações de JHC não passaram despercebidas. Embora ele tenha anunciado o “início” da obra, vídeos posteriores mostraram que a Linha Verde já estava em execução. Curiosamente, em 10 de fevereiro de 2023, o próprio JHC havia visitado o canteiro de obras da MTSUL na avenida Durval de Góis Monteiro e declarado que a Linha Verde já estava em andamento.
Mais intrigante ainda é o fato de que a construção da nova via, que terá 2,37 km, foi autorizada em 6 de setembro de 2022.
A cereja do bolo? A obra não é da prefeitura. Na verdade, é responsabilidade da Braskem, fruto de um acordo socioambiental com o MPF e MPAL, ao qual a prefeitura aderiu em julho de 2022. E as coincidências não param por aí. Após a adesão da prefeitura, o projeto sofreu várias alterações, especialmente na escolha da empresa executora. A Braskem contratou a MTSUL, uma empresa de Cuiabá, cidade de origem da primeira-dama Marina Candia e de seu pai, Mário Candia, que também atua no ramo de construção.
Conflito de Interesses e Suspeitas
Essa relação levantou suspeitas de conflito de interesses entre alguns vereadores de oposição. A Braskem, por sua vez, afirmou que a contratação seguiu as normas da empresa e que as obras estão sendo realizadas conforme a orientação da gestão de JHC. Em um ofício de resposta a um pedido do vereador Joãozinho Gabriel, a Braskem deixou claro que a escolha das empresas foi feita em alinhamento com a prefeitura de Maceió, que é o “titular e dono” das ações de Mobilidade Urbanas pactuadas no acordo judicial.
Para complicar ainda mais a situação, vereadores de oposição denunciaram que a Prefeitura de Maceió pagou R$ 30 milhões à Construtora Lima Araújo (atualmente chamada Vortex Engenharia) por dois terrenos no bairro do Antares, onde está sendo construída a Linha Verde. Segundo os parlamentares, a empresa pertence a aliados do prefeito JHC e o valor pago é quase R$ 10 milhões acima do previsto para desapropriações desse tipo, conforme a tabela do acordo de adesão.
Enquanto Renan Filho e Rafael Brito concentram esforços para anunciar um novo projeto que prometem melhorar a mobilidade urbana de Maceió, JHC parece mais interessado em manter seu nome em alta, mesmo que isso signifique “requentar” projetos e levantar suspeitas de conflitos de interesse.