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20/01/2023 às 19h19min - Atualizada em 20/01/2023 às 19h19min

No Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, delegada alerta para importância da denúncia

Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis Yalorixá Tia Marcelina investiga dois casos ocorridos neste ano

Marcelo Alves
A atuação da delegacia é uma forma que o Governo de Alagoas encontrou para fazer a reparação histórica contra os crimes de intolerância/ Foto: Marco Antônio/Agência Alagoas

Dia 21 de janeiro. Essa data marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Em 1999, a Yalorixá Mãe Gilda foi vítima de um ataque na imprensa - o fato chocou o país e remonta também a outro episódio que marca um triste registro na história alagoana: a Quebra do Xangô, em 1912. No entanto, para que esses fatos deixem de acontecer, o Governo de Alagoas inaugurou em 24 de agosto do ano passado, a Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis Yalorixá Tia Marcelina.


Para se ter ideia de que esses casos ainda insistem em provocar desrespeito com o povo dos terreiros,  atualmente, são investigados dois casos de intolerância religiosa ocorridos em Maceió. A atuação da delegacia é uma forma que o Governo de Alagoas encontrou para fazer a reparação histórica e reforçar o combate à discriminação e intolerância religiosa.



A delegada Rebecca Cordeiro, reforça a importância de denunciar os crimes de intolerância religiosa. “Hoje, os povos de Matriz Africana têm uma delegacia especializada e, de fato. Por isso, é  muito importante que eles comecem a fazer essas denúncias, prestar ocorrência, para a gente dar andamento aos inquéritos policiais, porque apenas com a punição é que essas pessoas preconceituosas vão começar a perceber que é crime e é inaceitável”, disse.

Ela ressaltou ainda que para denunciar esses tipos de crimes é preciso Provas testemunhais, filmagens, fotografias de algum dano causado, se houve lesão, tem que vir imediatamente para a gente requisitar o exame de corpo de delito. “A religião de Matriz Africana é de longe a mais discriminada até por uma questão histórica. Ela é discriminada desde que chegou aqui. Na verdade, já veio com o estigma da escravidão. Imagine o absurdo. A gente sabe que os brancos tentaram calar toda a cultura negra, tentaram fazer desaparecer. Tudo era contra lei. A capoeira era contra lei, o samba era ilegal e a religião muito pior ainda tem resquícios, infelizmente, até hoje”, afirmou.



Até agora a delegacia registrou 156 casos contra idosos, deficientes e discriminações racial, sexual e de intolerância religiosa. Qualquer pessoa que seja vítima deste tipo de crime deve procurar a delegacia, que funciona no Complexo de Delegacias Especializadas (CODE), no bairro de Mangabeiras, para registrar Boletim de Ocorrência (BO). “De segunda a sexta-feira das 8h às 17h. No final de semana, podem registrar o Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes, que vão encaminhar para a gente”, orientou.

HISTÓRIA

A Yalorixá Tia Marcelina foi a mãe de santo que foi espancada após ter seu terreiro invadido por um grupo miliciano, em fevereiro de 1912, no episódio conhecido como Quebra do Xangô. A violência se deu quando Integrantes da Liga dos Republicanos Combatentes invadiram e destruíram os terreiros de Maceió. “Quebra tudo, só não quebra o saber”.


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