Lideranças indígenas dos estados de Alagoas e Sergipe se mobilizam para ocupar o prédio da Coordenação Regional Nordeste I, da FUNAI, com sede na capital alagoana, Maceió. O principal motivo da mobilização foi a designação da servidora Gabriela Kelly Pacheco dos Santos, para substituir Márcio José Neri Donato, no cargo de Coordenador Regional do Nordeste I AL, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas - FUNAI.
Segundo os indígenas, a atual coordenadora substituta fez campanha aberta para a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro, nas eleições de outubro do ano passado. Gabriela Pacheco defenderia as ideias do ex-presidente, contrárias ao reconhecimento e demarcação de terras indígenas, além de ser favorável à presença de garimpeiros nas referidas áreas. Os indígenas também alegam que o esposo da atual coordenadora é do quadro da Polícia Rodoviária Federal, sendo um dos participantes ativos dos bloqueios às rodovias federais em Alagoas, quando a instituição, supostamente, tentou dificultar o acesso de eleitores nordestinos às urnas nas eleições presidenciais de outubro passado.
A jurisdição desta unidade da Funai atende 22 povos indígenas; sendo 12 em Alagoas, nove em Pernambuco e uma etnia em Sergipe. Os indígenas alagoanos e sergipanos dizem que, diferente de Gabriela Pacheco, o coordenador exonerado, Márcio Donato, desempenhava um excelente papel junto às comunidades indígenas, demonstrando total compromisso com as demandas apresentadas, buscando sempre solucionar as questões de ordem administrativa, sem fazer distinção de etnias. As lideranças dizem ainda que Márcio Donato foi vítima de má fé e que teve seu nome ligado aos militares bolsonaristas para que fosse exonerado do cargo, sendo que o ex-coordenador nunca foi militar.
Cerca de 150 indígenas deverão ocupar, por tempo indeterminado, a sede regional do órgão, em Maceió, onde exigirão a exoneração de Gabriela Pacheco, chamando a atenção do Ministério dos Povos Originários, que tem à frente a ministra Sônia Guajajara.